Faculdade
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A Ciência como Vocação
Max Weber
Tradutor: Artur Morão
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A Ciência como Vocação∗
Max Weber
Falar-vos-ei, segundo o vosso desejo, da “ciência como vocação”. É-nos peculiar a nós, economistas, um certo pedantismo, ao qual gostaria de me ater; consiste ele em partir sempre das relações externas, aqui, portanto, da questão: como se configura, hoje, a ciência enquanto profissão, no sentido mais material do termo? Do ponto de vista prático, significa isto, em especial: qual é hoje a situação de um licenciado, decidido a consagrar-se profissionalmente à ciência, no seio da vida académica? Para compreender em que consiste a este respeito a particularidade da nossa situação alemã, é conveniente proceder de modo comparativo e recordar como estão as coisas no país estrangeiro que, quanto a estas questões, mais contrasta com o nosso, isto é, nos Estados Unidos. Entre nós – como se sabe – a carreira de um jovem que se consagra à ciência como profissão, começa normalmente pela função de Privatdozent. Após uma conversa com o titular da especialidade e o seu consentimento, qualifica-se para tal, com base num livro e num exame quase sempre formal perante a faculdade, numa universidade, na qual, sem salário e sem mais retribuição além da que retira da matríAs ideias seguintes foram, na origem, expressas oralmente, num encontro de estudantes, que pretendia uma orientação sobre questões profissionais [Nota de Marianne Weber].
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Max Weber
cula dos estudantes, oferece cursos cujo objecto ele próprio fixa dentro dos limites da sua venia legendi. Na América, a carreira começa normalmente, de forma muito diferente, a saber, com a nomeação de “assistant”. De modo análogo ao que costuma acontecer entre nós nos grandes institutos das faculdades de ciências e de medicina, em que só uma pequena parte dos assistentes e, muitas vezes, já tarde, aspira à