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ARTIGOS
Povo da Crimeia tem direito à autodeterminação
POR MARCELO RIBEIRO UCHÔA
A história é uma sucessão de fatos correlacionados no tempo. Sem se compreender essa pressuposição inicial é difícil entender o porquê do povo crimeio haver decidido pela recente anexação à Rússia.
A Crimeia é uma região encravada numa península ao sul da Ucrânia, situada às margens do Mar Negro, em área pouco maior que o estado de Sergipe. Desde que foi fundada pelos crimérios, por volta do século VIII AC, foi dominada por gregos, godos, hunos, romanos, bizantinos, mongóis, venezianos e tártaros, até passar para as mãos do Império Otomano no ocaso da Idade Média, situação revertida em 1777, quando foi conquistada pelos russos. De lá pra cá, passou a fazer parte da Rússia, sendo palco de importantes guerras relacionadas ao domínio sobre os Bálcãs e de implantação do regime comunista. Em 1922, constituiu a República Autônoma Socialista da Crimeia, aderindo à ex-União Soviética por razões de natureza históricas, culturais e estratégico-militares.
O território voltou a ser palco de sangrentas batalhas durante a II Guerra Mundial, sendo ocupada temporariamente pelos alemães. Findo conflito, os soviéticos impuseram forte política de deportação contra diversas etnias habitantes da região acusadas de apoiar o nazismo, restando ali estabelecidos, majoritariamente, desde então, crimeios de ascendência russa. Em 1954, o chefe de Estado soviético Nikita Kruschev – que fora ex secretário geral do partido comunista ucraniano – de maneira unilateral e sob tímida contestação à época (compreensível para uma ditadura), destacou a Crimeia da República
Soviética da Rússia, presenteando-a à República Soviética da Ucrânia, em comemoração ao terceiro centenário da primeira integração entre os dois territórios. Importa salientar que a desarrazoada doação se deu dentro da unidade do Estado Soviético, não afetando
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