A existência de injustiça é indicada pelo fato de que o homem que mostra em seus atos as outras formas de deficiência moral, de fato age de forma errada, mas não gananciosamente (por exemplo, o ho-mem que, em combate, atira ao chão o seu escudo por covardia, que fala asperamente por mau humor, ou deixa de ajudar com dinheiro um amigo por avareza); o ganancioso na maior parte das vezes não mostra nenhum desses vícios, e muito menos todos juntos, mas sem dúvida revela uma certa espécie de maldade (por isso o censuramos) e de injustiça. Há, portanto, uma outra espécie de injustiça que é parte da injustiça em geral, e um dos sentidos da palavra "injusto" que corresponde a uma parte do que é injusto no sentido amplo de "contrário à lei".Por outro lado, se um homem comete adultério pensando em obter proveito e ganha dinheiro agindo dessa forma, enquanto outro o faz impelido pelo apetite, embora perca dinheiro e sofra com o seu ato, este último deveria ser considerado intemperante e não ganancioso, e o primeiro é injusto, mas não intemperante, pois está claro que ele é injusto por querer lucrar com o seu ato. Acresce que todos os outros atos injustos são sempre atribuídos a alguma espécie particular de deficiência moral (por exemplo, o adultério à intemperança, o abandono de um companheiro em combate à covardia, a violência física à cólera); mas se um homem tira proveito de sua ação graças a um ato injusto, sua ação não é atribuída a nenhuma outra forma de maldade que não a injustiça. É evidente, então, que além da injustiça no sentido amplo existe uma injustiça em um sentido particular, que participa do nome e da natureza da primeira, porque sua definição se inclui no mesmo género. Com efeito, o significado de ambas consiste em uma relação para com o próximo, mas uma diz respeito à honra, ao dinheiro ou à segurança (ou àquilo que engloba todas essas coisas, se houvesse um nome para designá-lo), e sua motivação é o prazer proporcionado pelo ganho, ao passo que a outra diz