fabionsa

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Fabiano foi à feira da cidade comprar mantimentos. Ele era muito desconfiado de que todos lhe passavam a perna, mas não tinha vocabulário suficiente para questionar nada. Assim, rodou a feira procurando pechinchar no preço do querosene e da chita que Sinhá Vitória lhe pediu.

Parou para beber uma pinga e foi chamado por um soldado amarelo para jogar cartas. Sabia que colocar o dinheiro do querosene e da chita em jogo deixaria Sinhá Vitória furiosa, mas não sabia esquivar-se do chamado de um soldado. Perdeu tudo.

Fabiano saiu exaltado do bar, pensando no que dizer em casa, mas mal tinha capacidade de pensar em mentiras. Já era tarde. Tomou a rua até ser empurrado pelo soldado amarelo, que questionava porque ele saíra do bar sem se despedir. Fabiano alegava que estava quieto apenas e não devia ser provocado. O soldado continuou a atacá-lo até que Fabiano o xingou, dando motivo para chamar outros guardas que o prenderam.

Na prisão Fabiano estava moído. Sentou-se, conferiu os mantimentos que comprara. Seus pensamentos variavam entre tentar entender o que se passou, por que ele estava ali, e lembrar-se de sua casa, de Sinhá Vitória, que deveria estar ansiosa aguardando por ele e pelo querosene. Fabiano ouvia os demais presos, uns em torno de uma fogueira, outros chorando numa outra sala. Estava tudo errado. Fabiano chegou à conclusão que lhe prenderam por ele não saber falar e isso lhe parecia injusto. Se soubesse falar, explicaria tudo e estaria livre. Mas só esse raciocínio já era demais para Fabiano, que se perdia em seus pensamentos.

No fim concluiu que estava lá por causa de sua família. Que se não fosse Sinhá Vitória, Baleia e os meninos, teria contra-atacado a soldado amarelo, poderia fazer uma asneira. E questionava se deveria continuar a carregar sua família, se aquilo tinha utilidade já que seus filhos, um dia, brutos como o pai, sofreriam os mesmos maus tratos que ele sofreu.

FABIANO – vaqueiro rude e lacônico. É o chefe da família

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