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– “Cada qual com seu igual” doutrinava o coronel. O que não admitia é que o filho se metesse com gente de laia ruim, que ele, coronel, nunca descera de sua dignidade para tirar o chapeú ou apertar a mão a indivíduos que não tivessem uma posição social definida. Aprendera isso em pequeno com o pai, o finado Desembargador Souza Nunes, homem de costumes severos que sabia dar aos filhos uma educação esmerada, quase principesca. O Zuza, dizia ele, não era mais do que uma vergôntea digna desse belo tronco genealógico dos legítimos Souza Nunes, tão nobre quanto respeitados no Ceará.
Era um orgulho para o coronel ver o filho passar a cavalo, com o presidente, alvo do olhar bisbilhoteiro do mulherio elegante, em trajes de montaria, roupa de flanela, botas, chapéu mole desabado.
O Zuza dava-se muito com o presidente que também pertencia a uma alta linhagem de fidalgos de São Paulo e fora educado na Europa: um rapagão alegre, amador de cavalos de rassa, ilustrado e amigo de mulheres. As revelações de Matraca sobre o namoro do Trilho de Ferro deram que falar à cidade inteira. Nas rodas de calçada o fato propalou-se imediatamente à guisa de escândalo. A princípio ninguém sabia ao certo qual era a tal “normalista ex-irmã de caridade”. Que havia de ser a Lídia Campelo afirmavam uns. Mas o Campelinho nunca fora religiosa quanto mais friera. Afinal sempre se veio a saber a verdade e espalhou-se logo que a afilhada de João da Mata estava com um namoro pulha mais o estudante. Não era