Evolução Semantica
Na evolução da linguagem1, deu-se um fenómeno interessante, o da mudança da significação das palavras. É a semântica que trata dessa mudança.
Na passagem do latim para o português, as palavras, além da evolução fonética, sofreram por vezes uma evolução de sentido (semântica).
À medida que o mundo se modifica, a língua, como organismo vivo, acompanha necessariamente essa mudança. Neste contexto, observam-se o surgimento de palavras novas, ao invés de outras que caem em desuso. Algumas palavras, sobretudo as dos domínios técnicos e científico, dependem do contacto que com elas se estabeleça para se manterem mais ou menos presentes no nosso léxico mental. Verificamos que a intermitência entre a lembrança e o esquecimento aprofunda o conhecimento de algumas palavras, ao mesmo tempo que constatamos que, para além do significado que já conhecíamos, elas podem na realidade ter dois ou mais significados.
Assim, percebemos que as vivências, as transformações culturais, científicas e tecnológicas (sobretudo as de grande impacto), nos conduzem à ampliação do nosso léxico mental, com as palavras que a mente vai gerando para designar novas realidades e, consequentemente, às evoluções semânticas.
Vejamos alguns exemplos dessa evolução e da história do sentido dessas palavras.
Paço resultou da evolução, por via popular, de palatium: palatiu (m)> paaço> paço. Palatium era primitivamente o nome do monte Palatino, em Roma. Nero aí construiu uma residência que tomou o nome do monte, generalizando-se o sentido de residência real ou nobre.
A palavra Ministro (lat. ministru) – significou em latim o que serve, o que ajuda, o servente, o escravo. Esta palavra humilde veio a designar, na linguagem política, uma função social elevada: Ministro de Estado.
O substantivo calamidade (lat. Calamitatem) foi pelos romanos aproximado etimologicamente de calamus, a cana ou hástia do trigo ou de outro cereal; especializou-se assim o sentido de flagelo (temporal,