Evolução Humana
“Proibida a entrada de animais” (frase muito frequente em cartazes de lojas repartições públicas e prédios residenciais)
Bem-vindo a este capítulo, caro companheiro da espécie Pan sapiens. Caso você, caro leitor, tenha estranhado o tratamento, deixe-me recordá-lo que Pan é o gênero ao qual pertencem os chimpanzés, dos quais os zoólogos reconhecem duas espécies (Pan troglodytes, o chimpanzé comum, e Pan paniscus, o chimpanzé pigmeu ou bonobo). Estudos genéticos recentes, entretanto, têm mostrado que 98,4% dos genes humanos são idênticos aos genes dos chimpanzés. […] Há várias diferenças morfológicas superficiais entre homens e chimpanzés, causadas pelos tais 1,6% [de diferença], mas as similaridades são muito maiores e mais profundas. […] Jared Diamond escreveu: “só mesmo um taxonomista da espécie humana seria capaz de colocar a espécie Homo sapiens em um gênero diferente de Pan.” Para a maioria de nós, esta extrema semelhança com nossos parentes mais próximos deve parecer no mínimo um pouco chocante. No entanto, caso você ache difícil perceber tal proximidade apenas a partir da evidência racional ilustrada pelo frio dado numérico acima, sugiro que ouça o que sua própria sensibilidade tem a lhe dizer. […] sugiro que você olhe bem de perto um chimpanzé, como uma criança o faria, afastando ao máximo qualquer noção preconcebida do que seja ele (ou ela). Olhe de perto a mão de um chimpanzé, e depois olhe a sua. Olhe uma mãe chimpanzé amamentando e acariciando seu filhote e talvez você comece a pensar, como eu, que a distância com que estamos acostumados a vê-los é infinitamente mais absurda do que a noção de que somos seus parentes. Como bem lembrava o professor de poesia interpretado por Robin Williams em A sociedade dos poetas mortos, ver o mundo sob uma nova perspectiva é sempre interessante. Mas neste capítulo quero argumentar que a mudança de perspectiva defendida acima é muito mais que um