Evangélicos e ética no brasil
Questão particularmente interessante no contexto evangélico brasileiro é o da ética aqui praticada. Integrando-se à cultura pátria a ética contem os mesmos elementos desta, a saber, o patriarcalismo, o personalismo, o familismo e o privativismo, além do messianismo, características que numa análise mais aprofundada tolhem o crescimento ético das igrejas.
Ao analisar esta questão, Zabatiero afirmando não ser possível dissociar ética de teologia, propõe a discussão do tema através de três aspectos: Mutações recentes na moralidade de evangélicos no Brasil; A nova valorização da dimensão sócio-política da ética cristã, e, A construção de uma ética da liberdade em Amor. As duas primeiras são investigativas e diagnosticadoras; a terceira propositiva.
Discorrendo sobre o primeiro aspecto, o Autor mostra com propriedade que “a ética de evangélicos brasileiros era predominantemente, uma ética individual de cumprimento de deveres”. Ela se traduzia no comportamento contra-cultural de, por exemplo, não fumar, não beber, não matar, etc,. As igrejas eram, por assim dizer, instituições reclusas num universo cultural. À medida que ocorria o crescimento numérico dos evangélicos no país (hoje algo superior a 20% da população), ainda que se mantivesse a mesma ética comportamental, houve certo crescimento na conscientização social e mesmo maior participação, ainda que modesta, em outros setores da sociedade, a exemplo do envolvimento político.
É fato, todavia, que remanescem algumas questões conjecturais, entre as quais a identidade cristã ou evangélica brasileira, a incapacidade de desenvolvimento da maturidade, e, a volta a padrões comportamentais ortodoxos.
Em relação ao segundo aspecto destaca-se a evolução de uma prática assistencialista social com escassa participação na esfera política, para, pelo menos, um desejo da existência de “uma ética social e política capaz de superar a mera participação formal no processo eleitoral