Candidatos em nome de deus
Bastou começar a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão para que alguns candidatos a legisladores e governadores, pelo Brasil afora, se apresentem em nome de Deus1 para aqueles que não desligam a TV.
O censo do IBGE realizado em 2000 revelou que, dos 170 milhões de brasileiros, 15,4% se declararam evangélicos. No censo anterior, de 1991, a população evangélica era de 9%. A pesquisa de 2010 dirá se a taxa de crescimento se manteve. Estudos feitos por diversos grupos2, alguns vinculados à igreja, outros não, projetam que o número de evangélicos está atualmente em 55 milhões, e chegará a 50% da população brasileira em 2020. O que é incontestável – seja em que proporção for – é o fato de que os evangélicos cresceram e se multiplicaram. A sua presença na sociedade e na cultura brasileira não tem mais como ser ignorada, principalmente nas eleições.
Um pouco de história
É na República Velha que um diminuto grupo de protestantes inicia a geração de agentes políticos em cidades brasileiras. Em 1902, o presbiteriano Francisco Augusto Pereira foi prefeito de Lençóis Paulista. O batista Luiz Alexandre de Oliveira foi deputado federal por Mato Grosso; o pastor presbiteriano Antonio Teixeira Gueiros foi vice-governador do Pará. Nos anos 1930, os políticos evangélicos começaram a surgir com maior desenvoltura, quando transformações econômicas e sociais possibilitaram o aparecimento do homem urbano preocupado com uma ação política menos tutelada pelas elites e mais propensa à prática democrática.
Em 1934, surge a Confederação Evangélica Brasileira (CEB), órgão representativo dos protestantes, com o objetivo de