eu cantei ja
O tempo que cantei tão confiado;
Parece que no canto já passado
Se estavam minhas lágrimas criando.
Cantei; mas se me alguém pergunta quando,
Não sei; que também fui nisso enganado.
É tão triste este meu presente estado,
Que o passado por ledo1 estou julgando.
Fizeram-me cantar, manhosamente2,
Contentamentos não, mas confianças;
Cantava, mas já era ao som dos ferros.
De quem me queixarei, que tudo mente?
Mas eu que culpa ponho às esperanças,
Onde a Fortuna3 injusta é mais que os erros? Luís de Camões, Lírica
1. feliz
2. ao engano
3. sorte, destino I
1. “Eu cantei já, e agora vou chorando”
Que indicações temporais nos são dadas pelos deícticos presentes neste 1º verso?
2. O canto e o choro entrelaçam-se ao longo do poema.
2.1 Fixando-te na 2.ª estrofe, explica, com fundamento, por que não tem o poeta a certeza de alguma vez ter sido feliz, portanto ter tido razões para cantar.
2.2 Na estrofe seguinte o poeta clarifica o seu desabafo. O que o fez cantar? A felicidade ou a ilusão? Justifica.
3. Este soneto constitui uma reflexão do poeta sobre a sua própria vida.
3.1 Que estado de espírito se evidencia na última estrofe?
3.2 Está de acordo com os estados emocionais revelados ao longo do poema? Justifica.
4. Interpretando a última estrofe, explica a que atribui o poeta o seu infortúnio.
II
Lê atentamente estes poemas contemporâneos, de homenagem a Camões. Seguidamente expõe que aspeto(s) da vida ou obra do poeta renascentista cada um deles põe em evidência. Fundamenta as tuas conclusões, não deixando de citar, por exemplo, os versos -chave.