Etica
Da ética
individual
Ricardo Vargas,
38 anos, é director-geral da
TMI Portugal e
Brasil e fundador da PlanB
Internacional
(consultoria de gestão). Nascido em Moçambique, é licenciado em
Psicologia, pela
Faculdade de
Psicologia da
Universidade de
Lisboa, e mestre em Terapia
Familiar, pela
Faculdade de
Medicina de
Sevilha. É autor dos livros A Arte de Tornar-se
Inútil e Os Meios
Justificam os
Fins, publicados em Portugal pela Gradiva e no Brasil pela
Financial Times
/Prentice Hall.
Este ensaio é uma pré-publicação do seu último livro em Portugal.
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EXAME SETEMBRO 2005
à empresarial
Ricardo Vargas
Uma empresa que gere a ética gasta menos tempo a decidir e menos energia a resolver problemas criados pela falta de alinhamento entre ética individual e empresarial
O
século XX marcou uma busca de conhecimento sem precedentes na história da humanidade. O avanço da ciência, das artes e da tecnologia criou um movimento imparável que levou a uma reflexão constante da humanidade sobre a sua própria condição e organização.
Áreas tradicionalmente mais estáveis, menos permeáveis à mudança, viram-se interrogadas. Os fundamentos da religião, da política, da moral, das organizações sociais em geral deixaram de ser dados adquiridos.
Um pouco por todo o mundo assistimos a movimentos de avanço e recuo nessas áreas do conhecimento, entre a rigidez e a flexibilidade, que acompanham geralmente os momentos de revisão profunda.
Um dos ganhos imateriais que a humanidade conseguiu neste processo foi a libertação do conceito de determinismo histórico. Compreendemos no século
XX que o passado não nos obriga a um futuro fixo, que embora limitados pelas nossas heranças podemos trabalhá-las e modificá-las, em sentidos diferentes do inicialmente previsto, desde que a competência e a criatividade no-lo permitam. As condições sócio-históricas restringem ou ampliam, apoiam ou limitam, mas não apontam um caminho