Estudos
Cosmologia
A aventura espetacular da descoberta do universo
Entre o final do século 19 e as primeiras décadas do século passado, estávamos maravilhados com o diminuto mundo atômico e ainda não percebíamos que o universo, em grandes escalas, nos guardava surpresas ainda mais interessantes e desafiadoras.
Não sabíamos sequer que existiam galáxias.
Os poucos objetos estranhos então observados no céu ganhavam o nome de ‘nebulosas’, dada a sua aparência. Mais tarde, para espanto até da comunidade científica, foram reconhecidos como enormes conjuntos de estrelas, como a nossa Via Láctea.
Ironicamente, nessa época, nebuloso também era o nosso conhecimento sobre o universo. Não sabíamos quase nada sobre ele e nos limitávamos às observações ópticas do céu, pois nem mesmo a radioastronomia havia sido criada.
A cosmologia – que estuda o universo como um todo, tentando explicar sua origem, evolução e seu estado atual – começava, então, a engatinhar rumo à aventura espetacular da descoberta do cosmos.
Thyrso Villela Neto
Divisão de Astrofísica,
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (SP)
20 • CIÊNCIA HOJE • vol. 36 • nº 216
F Í S I C A
Representação artística da Via Láctea, que abriga o nosso sistema solar.
A Via Láctea é uma entre as bilhões de galáxias do universo
portamento, independentemente de onde estejam, possibilitando, dessa forma, uma estimativa direta da distância a partir da medida do período de variação de sua luminosidade. Uma contribuição fabulosa! Também a partir de 1912, outro norte-americano, Vesto Slipher (1875-1969), começou um trabalho monumental ao fazer observações sistemáticas de nebulosas. Ele desconfiou que as nebulosas espirais e algumas elípticas estavam se afastando de nós com grandes velocidades, de forma que considerá-las como membros da Via Láctea passou a ser algo questionável. Eram as primeiras evidências de que o universo estava se expandindo.
Um grande debate