estudos
Infecções por helmintos e enteroprotozoários
Terezinha Marta P.P. Castiñeiras & Fernando S. V. Martins
As infecções por helmintos e enteroprotozoários estão entre os mais freqüentes agravos infecciosos do mundo. Estima-se que o número de infectados seja de aproximadamente 3,5 bilhões de pessoas, das quais 450 milhões, a maior parte crianças, estejam doentes. A cada ano acontecem cerca de 65000 óbitos decorrentes das infecções por ancilostomídeos, 60000 associados às infecções por Ascaris lumbricoides e 70000 em razão das formas invasivas de infecção pela Entamoeba histolytica (WHO, 2000). Não menos relevante é a significativa morbidade relacionada a estas infecções, freqüentemente causadas por múltiplos parasitas simultaneamente, por vezes associadas a estados carenciais e desnutrição grave, com resultante sinergismo de agravos e conseqüências desastrosas para os indivíduos acometidos. As enteroparasitoses podem afetar o equilíbrio nutricional (interferindo na absorção de nutrientes, induzindo sangramento intestinal, reduzindo a ingesta alimentar) e também causar complicações significativas (obstrução intestinal, prolapso retal, formação de abcessos). Não surpreende, portanto, que repercutam de forma negativa no crescimento e desenvolvimento cognitivo da população infantil, com grande impacto nas regiões sócioeconomicamente menos favorecidas, especialmente quando se somam à fome e à miséria. São reconhecidamente fatores que contribuem para o baixo rendimento escolar infanto-juvenil, inadequada produtividade no trabalho dos adultos e aumento de gastos com assistência médica.
A prevalência destas parasitoses, de uma forma geral, é maior em regiões menos desenvolvidas. O crescimento acelerado dos centros urbanos, levando ao estabelecimento de comunidades marginais com grandes aglomerados humanos, geralmente desprovidas de infra-estrutura sanitária mínima, criam condições ótimas para