Estratégia de negócios sustentáveis
Como lembra Porto-Gonçalves (2004, p. 24), “até os anos 1960, a dominação da natureza não era uma questão e, sim, uma solução – o desenvolvimento”, versão atual da idéia de progresso (parte intrínseca da hegemonia cultural tecida a partir do Iluminismo). Este autor mostra que o dilema ambiental vai se configurando nas últimas décadas do século 20 a partir de algumas constatações e de certas contradições: que há limites para a dominação da natureza; que a base da expansão econômica está calcada em recursos não-renováveis; que a crítica ao desenvolvimento desigual acaba estimulando “mais do mesmo” desenvolvimento capitalista gerador de miséria; que a homogeneização dos estilos de vida em função de padrões de consumo impostos pela expansão capitalista é irrealizável e “contrária à vida, tanto no sentido ecológico quanto cultural”; que a escassez (de ar, água, minerais, solo, energia...), por degradação ou esgotamento, sofre mudanças de escala, tanto em âmbito global quanto nacional; e assim por diante.
A questão ambiental aparece como uma problemática social e ecológica generalizada de alcance planetário, que mexe com todos os âmbitos da organização social, os aparatos do Estado e todos os grupos e classes sociais. Isso induz a um amplo e complexo processo de transformações epistêmicas no campo do conhecimento e do saber, das ideologias teóricas e práticas, dos paradigmas científicos e dos programas de pesquisa. (LEFF, 2006, p.282)
O ambientalismo é fruto dessa consciência pós-60 de que o risco global se sobrepõe aos riscos locais, regionais e nacionais, por conta de um modelo de “desenvolvimento” imposto do “centro” para as “periferias”. Ou seja, o desafio ambiental planetário replica-se em escalas, obrigando a nos indagarmos sobre o “padrão cultural europeu norte-ocidental e norteamericano” que “se crê superior e, por isso, passível de ser generalizado” (PORTOGONÇALVES, 2004, p. 25-26), diluindo a diversidade das culturas e