Estantes grossos de sangue

Análise do Texto Instantes Grossos de Sangue

O texto é uma narrativa em primeira pessoa, e retrata a lembrança de uma mulher a respeito de sua tia, uma jovem que ficara louca e fora internada em um hospício onde morrera sozinha e abandonada, e como isso afetava psicologicamente a narradora. A história é constituída por uma personagem principal, a Dalila, e alguns personagens secundários, como um irmão e irmã dela, além da narradora.
A personagem principal é apresentada como uma jovem linda e demasiadamente religiosa e que foi ficando louca, e os motivos são descritos no decorrer da narrativa. Já a narradora apresenta-se como uma mulher profundamente tocada pela lembrança de sua tia, não se sabe muito acerca dela, percebe-se, porém, como a lembrança de sua tia no estado de loucura, causa-lhe perturbação.
O enredo da narrativa se dá, a partir do momento em a narradora retoma a vivência com sua tia, de como Dalila, uma mulher bonita, inteligente e dedicada à religião, fora se entregando à insanidade, e como o sistema moral da época influenciara nessa situação. A imagem de sua tia vagando de camisola nas ruas e falando coisas sem sentido, abitolada em suas concepções religiosas e recriminada pela família, primeiro por seus desejos, pois havia descoberto a paixão “carnal” através de um beijo roubado por um rapaz que a admirava, e depois pela sua insanidade.
Constrói-se a imagem de Dalila como qualquer jovem da década de 30, ou mesmo como uma mulher de nossos dias, que fora entregue ao escárnio de uma sociedade “moralista”, por não estar dentro das regras impostas como certas. O tempo dessa narrativa é marcado pelo ato de lembrar, é construída a partir das lembranças da narradora e discorre até o momento em que a mesma sente-se conturbada com a reflexão que tem sobre o fim triste e solitário de sua tia, ou seja, tem-se o tempo em que se lembra, o tempo em que a tia vive e o tempo em que a narradora reflete a respeito de tudo, inclusive sobre sua própria vida.