Estadonovo
O Estado Novo e sua relação com os imigrantes: a língua como defesa dos valores nacionais
Alexandre Marcelo BUENO
(Universidade de São Paulo)
RESUMO: Ao propor uma idéia de homogeneidade cultural brasileira, o texto de
Oliveira Viana, analisado neste trabalho, constrói uma imagem negativa de certos grupos imigrantes por considerá-los “inassimiláveis”. Dessa forma, abre-se espaço para a construção de um discurso intolerante e, mais especificamente, para a intolerância lingüística. PALAVRAS-CHAVE: intolerância lingüística; imigração; História do Brasil; semiótica discursiva
RÉSUMÉ: Lorsqu’il cherche à imposer l’ idée d’homogénéité culturelle brésilienne, le texte d’Oliveira Viana analysé dans ce travail construit une image négative de certains groupes d’immigrés considérés “non assimilables”. Dès lors la voie est ouvert à la construction d’un discours intolérant et, plus spécifiquement, à l’intolérance linguistique. MOTS-CLÉS: intolérance linguistique; immigration; histoire du Brésil; sémiotique discursive Estudos Semióticos - número quatro (2008)
BUENO, A. M.
1. INTRODUÇÃO
Oliveira Viana publicou no jornal A Manhã, em 5 de novembro de 1943, um texto intitulado “Imigração e colonização ontem e hoje”. Nele, o autor comparou as duas legislações que regulavam a imigração e a colonização na Primeira República e na Era
Vargas. Realizou, assim, uma espécie de “balanço” da imigração no Brasil, mostrando os aspectos negativos da legislação “liberal” a respeito da imigração na Primeira
República e, conseqüentemente, os elementos positivos das leis imigratórias da Era
Vargas.
O texto analisado defende que a legislação do regime político anterior criou, por conta de seu liberalismo, as condições para a formação de colônias homogêneas e isoladas do restante da sociedade brasileira, colônias encaradas, assim, como um problema nacional a ser resolvido. É justamente esse caráter “problemático” da imigração que possibilita a