esse mesmo

304 palavras 2 páginas
ALTERIDADE

Descoberta proporcionada pela distância em relação a nossa sociedade: “aquilo que tomávamos por natural em nós mesmo é, de fato, cultural; aquilo que era evidente é infinitamente problemático” (Laplantine, 1996, p. 21). Daí a necessidade na formação antropológica do “estranhamento”, isto é, a perplexidade provocada pelo encontro das culturas que são para nós as mais distantes, levando tal encontro à modificação do olhar que se tinha de si mesmo. Presos a uma única cultura ficamos cegos às outras e míopes em relação a nossa. A experiência e elaboração da antropologia levam a ver aquilo que nem se consegue imaginar devido à dificuldade em prestar atenção ao que é habitual, familiar, cotidiano e considerado evidente. Através da experiência da “diferença” passa-se a notar que o menos dos comportamentos não é natural, causando surpresa sobre nós mesmos. O conhecimento antropológico de nossa cultura passa pelo conhecimento das outras culturas. Para a antropologia o que caracteriza “unidade” do homem é sua aptidão para inventar modos de vida e formas de organização social muito diversos. O que seres humanos têm em comum é a capacidade para se diferenciar uns dos outros, para elaborar costumes, línguas, modos de conhecimento, instituições, jogos muito diversos. O projeto antropológico consiste no reconhecimento e conhecimento junto com a compreensão de humanidade plural. A abordagem antropológica provoca a revolução do “olhar”, implicando num descentramento radical, ruptura com a idéia de há um “centro do mundo”. Descoberta da alteridade é descobrir relação que nos permite deixar de identificar nossa pequena província de humanidade como a humanidade e assim deixar de rejeitar o presumido “selvagem” fora de nós.

LAPLANTINE, François.Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 1996..

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