esquadrao da morte
Depoimento a Henrique Júdice Magalhães Tweet Há mais de trinta anos, Hélio Pereira Bicudo tem seu lugar na História reservado. No início da década de 70, na condição de promotor, desbaratou o Esquadrão da Morte (EM) de São Paulo, organização dedicada ao extermínio de pobres e à exploração de atividades ilícitas. Atuando praticamente sozinho, contra todo tipo de pressões e ameaças, Bicudo expôs as vísceras do grupo e levou à cadeia alguns de seus membros, entre eles o delegado Sérgio Paranhos Fleury, chefe do DOPS e um dos homens mais poderosos da polícia paulista.
Nos anos seguintes, já aposentado, Bicudo continuou sua luta em prol dos direitos humanos. Foi deputado federal por três mandatos e vice-prefeito de São Paulo. Posteriormente rompeu com o PT e afastou-se da política eleitoral. Aos 83 anos, preside a Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos (FIDDH). Nos últimos anos, tem sido uma das principais vozes contra a política de matança promovida por Alckmin e Saulo de Castro.
Bicudo recebeu a reportagem de AND em duas ocasiões, já na primeira delas, antes dos acontecimentos da metade de maio, falou dos pontos em comum entre as práticas do EM e as da administração Alckmin, expostos em casos como o da Castelinho e o dos moradores de rua assassinados na região central em 2004 (página anterior).
Ele vê no episódio da nomeação do delegado Aparecido Calandra — torturador de presos políticos nos anos 70, para a Divisão de Inteligência da Polícia Civil, em 2003 — um ponto de contato entre as duas épocas. Considera, porém, que mais importante do que a identidade de figuras é a identidade de métodos e ideologia entre a atual administração e o EM no regime militar. Com uma agravante: o que antes era obra de um setor da polícia em aliança com alguns empresários é hoje uma política conduzida pelo governo com o endosso do Tribunal de Justiça. Para