Espiritismo
Por Ederçon Costa
1ª Edição
2006
“Não queremos, porém irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para que não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança”
Tessalonicenses, cap 4, 13
É uma noite fria como uma outra noite qualquer de junho. Os carros passam pequenos lá em baixo. É uma boa altura daqui. Estou na cobertura de um dos melhores edifícios de Natal. Beira-mar, bem localizado. Nada muito luxuoso, mas bem impressionante. Vivo bem. Mas, agora penso no que aconteceria se eu me lançasse até lá em baixo. Que parte da história da humanidade eu estaria mudando? Será que eu morreria? Afinal, são mais de dez andares. Mais de trinta metros. Eu me chocaria com o solo a uma grande velocidade. Provavelmente, vários órgãos estourariam com a pressão, ossos se esfacelariam. Provavelmente meu cérebro se espalharia pelo asfalto enquanto algum animal comeria no mesmo dia. Mas, e quanto a você? Isso alteraria alguma coisa na sua vida? Qual seria o impacto dessa morte súbita que, quem sabe, você presenciasse em uma dessas suas noites de diversão, uma dessas suas baladas na “nite”. Talvez você ficasse profundamente mal humorado pelo transtorno no trânsito causado pela perícia policial ao recolher os pedaços do meu corpo. Como somos especiais, não? Agora estou aqui, olhando tudo lá em baixo e imaginando quantas pessoas passaram por ali o dia inteiro, o mês inteiro, o ano inteiro. Há quanto tempo elas estão fazendo isso? Talvez repetindo a mesma coisa, a vida inteira. Ou será que estaríamos repetindo em vidas inteiras a mesma coisa? Por quê?
Nunca fui muito compreendido pelas pessoas ao redor. Não me queixo. Nunca as entendi também. Somos tão