Escutando uma criança que não utiliza a linguagem para se comunicar no contexto equoterapêutico.
1924 palavras
8 páginas
Escutando uma criança que não utiliza a linguagem para se comunicar no contexto equoterapêuticoISABELA SIMAS DA SILVA.
Data:24/11/2011
Trabalho como psicóloga em um Instituto de Equoterapia. Quando iniciei o trabalho me deparei com uma situação totalmente nova: Realizar um trabalho psicológico com pessoas portadoras de deficiências ou com algum transtorno mental, utilizando o cavalo como instrumento terapêutico em um ambiente aberto, juntamente com uma equipe composta por fisioterapeutas, equitadores e auxiliares-guias. Segundo a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-Brasil, s/ano) a equoterapia é um método terapêutico, que utiliza o cavalo como instrumento a partir de uma abordagem interdisciplinar e promove o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência ou que apresente necessidades especiais. Nesta atividade, a pessoa se envolve no processo interagindo com o cavalo. Os movimentos do cavalo (andar, deslocamento da cabeça, as flexões de coluna, etc) produzem um efeito ao praticante que necessita ajustar seu comportamento muscular para responder aos desequilíbrios (ANDE-Brasil, s/ ano). As sessões geralmente têm duração de 30 minutos. Se o paciente apresenta uma limitação motora mais severa é atendido pela fisioterapeuta e pela psicóloga.
Tendo conhecimentos básicos a respeito da Equoterapia e refletindo a partir da ótica psicanalítica tem sido possível realizar o trabalho. E entre os casos atendidos teve um que marcou meu início neste trabalho.
Gostaria de dividir essa vivência, os impasses, os aprendizados e como a relação transferencial se configurou.
Samuel já fazia a tratamento há um ano. Uma criança de 11 anos, com diagnóstico de autismo, a gravidez não foi planejada, a mãe teve Depressão pós-parto, um menino que interage pouco, a irmã mais velha de Samuel dedica-se integralmente cuidando dele e diz ser muito apegada.
O meu objetivo inicial foi se aproximar e estabelecer um vínculo por meio de brincadeiras.