Escravatura e cotas raciais - Luis Gama
Nascido de mãe negra livre e pai branco, Luís Gonzaga Pinto da Gama foi feito escravo aos 10 anos de idade e permaneceu analfabeto até os 17. Conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos cativos, sendo já aos 29 anos autor consagrado e considerado o maior abolicionista do Brasil.
Com o passar do tempo e após o decreto da Lei Áurea (abolição da escravatura) em 1.888, a luta da etnia negra por iguais condições de tratamento enquanto ser humano em meio a uma sociedade elitista se intensificou. Em razão da discriminação por sua cor, muitas conquistas foram alcançadas na esfera social. Recentemente, uma delas tem sido alvo de grandes embates, no sentido de avaliar até que ponto se deve tratar os desiguais desigualmente, para equilibrá-los. Trata-se da reserva de uma porcentagem de vagas em universidades públicas para negros.
O julgamento no Supremo Tribunal Federal (ADPF 186 e RE 597285),sobre a constitucionalidade ou não da reserva de vagas em universidades públicas, a partir de critérios raciais e sociais (“cotas”), tem gerado inúmeras controvérsias. O Ministro Ricardo Lewandowski se posicionou pela constitucionalidade das políticas afirmativas e afirmou que “as políticas de ação afirmativa adotadas pela Universidade de Brasília (UnB), estabelecem um ambiente acadêmico plural e diversificado e têm o objetivo de superar distorções sociais historicamente consolidadas”.
É fato que tal etnia sofreu durante anos com a discriminação. Dados também apontam que os estudantes negros são minoria no quadro mundial e que, muitas vezes, alcançam notas menores em testes para universidades, o que, naturalmente, os leva a ocupar menor quantidade de vagas que os estudantes da etnia caucasiana. Entretanto, também é fato que os negros têm sido tratados com equidade perante as outras etnias, dispondo das mesmas oportunidades que outras etnias em concursos, empregos, saúde, etc. Tal racismo, ainda que