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Guerreiros incontestes, bravos canoeiros, entrincheirados nas paliçadas de Uruçumirim ( o atual Morro da Glória) , os índios resistiram, infernizaram a vida dos devotos de São Sebastião, foram escravizados, combateram até o final de suas forças e foram relegados ao subterrâneo da história oficial. Quem ficou bem na fita foi Araribóia, o temiminó que converteu-se ao catolicismo, aderiu aos portugueses, virou cavaleiro da Ordem de Cristo e recebeu, por ter lutado ao lado dos europeus contra os tamoios, a sesmaria do Morro de São Lourenço, origem da cidade de Niterói. O índio embranquecido e convertido, enfim.
A Confederação dos Tamoios deve receber o mesmo tratamento que o Quilombo dos Palmares recebe como um movimento maior de rebeldia da História do Brasil. Quem quiser que comemore o aniversário da cidade. Eu mesmo farei isso tomando umas geladas. Que não se perca, porém, a dimensão da importância dos tupinambás como os valentes habitantes da Guanabara; índios brabos que morreram lutando pela terra.
A fundação da cidade marca o início da derrocada da rebelião dos índios. Estou convicto, porém, que é como os guerreiros tupinambás que temos que resistir aos desmandos dos que atentam contra nossa aldeia, macaia mestiça de festas e frestas. Quem quiser que pule de alegria e grite "salve Estácio de Sá" e "viva São Sebastião". Que me desculpem, porém, o herói português e o santo padroeiro : nós, cariocas, precisamos da valentia e do amor ao chão dos mais velhos para nos salvar.
O axé dos guerreiros tamoios vive no arraial entre o Pão de Açúcar e o Cara de Cão, venta na memória do Morro do Castelo, na Misericórdia, nas Praia de Santa Luzia, de Ramos, de Inhaúma, Flamengo, Botafogo, e Urca. Passeia na Paquetá