Escola P Blica Da Arte X Escola De Arte P Blica Irradia Es E Acolhimento
Luiz Guilherme Vergara
Ao mesmo tempo que reflete sobre microgeografias da esperança instauradas pelo Núcleo Experimental de Educação e Arte no MAM-RJ, o artigo ilumina as fronteiras entre ação artística compartilhada e agenciamentos socioculturais, reconhecendo o horizonte de adversidades que afetam os museus de arte no mundo inteiro diante das múltiplas facetas da globalização e do capitalismo tardio. Acompanhando os embates que acirram a resistência e reinvenção dos museus hoje, este trabalho reúne diferentes narrativas da experiência das Irradiações-Acolhimentos desenvolvida em 2010, buscando ressaltar o papel híbrido dos artistas como pesquisadores e propositores de esculturas transicionais de agenciamentos socioculturais dentro de uma perspectiva nomádica de deslocamentos, desterritorialização e reterritorialização, colocando em jogo a experiência de sentidos da arte e os sentidos da experiência artística em microgeografias da esperança.
Museu, educação, arte contemporânea.
Introdução
* Artigo recebido e aceito para publicação em abril de 2011.
Quando eu e as artistas/educadoras Anita Sobar e Virginia Mota fomos ao Pedregulho para conversar com o presidente da associação de moradores, a arquiteta residente e o mestre de obras responsáveis pelo acompanhamento da obra de restauração do conjunto habitacional, a fim de apresentar o Programa Irradiação, uma pergunta foi disparada como flecha, acertando em cheio aquele lugar do cérebro que faz você ficar repetindo uma música o dia inteiro ou semanas a fio. Aquele mesmo lugar que você não sabe por que, mas que guarda o pensamento constante em alguém por saudade ou por algo que você ou a pessoa fez.
A conversa continuou, dias, semanas e meses se passaram, e a pergunta- flecha se deslocou um pouco, mas deixou marca tão profunda, que parece que ela ainda está ali no mesmo lugar.
“Mas é para o quê?”.
Mara Pereira, produtora pedagógica do