Eramos seis
O maior de todos esses erros foi considerar o processo do desenvolvimento em toda parte como semelhante ao desenvolvimento dos países ricos do Ocidente. Uma espécie de etnocentrismo conduziu os teóricos do desenvolvimento a assentar as suas idéias e estabelecer os seus sistemas de pensamento em concepções de economia clássica que ignoravam quase totalmente a realidade sócio-econômica das regiões de economia ocidental capitalista, uma economia socialista em elaboração acelerada e uma rede de abastecimento e de venda no resto do mundo. Não se ocupavam, pois, das estruturas econômicas desse resto do mundo, abandonado quer aos sociólogos, quer, antes, aos folcloristas.
Esta tremenda desigualde social entre os povos divide economicamente o mundo em dois mundos diferentes: o mundos dos ricos e o mundo dos pobres, o mundo dos países bem desenvolvidos e industrializados e o mundo dos países proletários e subdesenvolvidos. Este fosso econômico divide hoje a humanidade em dois grupos que se entendem com dificuldade: o grupo dos que não comem, constituido por dois terços da humanidade, e que habitam as áreas subdesenvolvidas do mundo, e o grupo dos que não dormem, que é o terço restante dos países ricos, e que não dormem, com receio da revolta dos que não comem.
Com a ascensão do capitalismo, as diferenças de ordem econômica entre os países foram se tornando cada vez mais acentuadas. Para expressar essa disparidade, foram criados os termos desenvolvido e subdesenvolvido.
O termo subdesenvolvimento passou a ser amplamente utilizado a partir da Segunda Guerra Mundial, sugerindo “atraso” em relação a países “avançados”. Segundo Chames Betteleim, o termo indica muito mais “explorados, dominados e de economia dependente do que atrasados”.
Historicamente, sempre houve diferenças entre os países, alguns dos quais classificados como potências num momento, noutro, tornarem-se países dominados. Exemplos: Grécia e Roma (Mundo Antigo); Portugal e Espanha