Era uma vez... uma flor que deu frutos abundantes
Era um vez há trinta anos que semanalmente um grupo de moradores, com vidas e pensamentos muito diversificados, se iam encontrando, por sua iniciativa, numa das casas do complexo habitacional das Lameiras, para discutir e encontrar soluções para os muitos problemas que proliferavam naquele espaço habitacional. Poucos se conheciam, mas tinham algo em comum: uma situação de vida frágil que os obrigou a procurar casa no mesmo espaço habitacional. Mas não era um espaço qualquer, ele comportava um complexo habitacional, desenhado em forma de quarteirão, com 290 habitações, 30 lojas comerciais e ainda um espaço vazio para uma obra social. Situava-se, naquela altura, na periferia da cidade de Vila Nova de Famalicão, hoje bem no centro da urbe. Estes moradores deixavam as suas famílias, sozinhas em casa, normalmente à noite, para se reunirem com outros, a fim de procurarem soluções para os seus próprios problemas. Só esta vontade de querer já era mais que suficiente para ser valorizada e acarinhada pelos restantes, mas nem sempre foi assim. Quantos mais projetos eram delineados e vontade de os concretizar, mais críticas internas se sucediam. Mesmo assim, chegada a hora de os concretizar, o grupo dinamizador lá estava na liderança, com a adesão da população. Lentamente as pessoas foram-se conhecendo e acabaram por se habituar a recorrer aos seus iguais para as ajudar a resolver os seus problemas pessoais. Por vezes, nem interessava se as pessoas a quem recorriam também tinham ou não problemas, o que interessava é que o seu problema pessoal fosse resolvido. A mentalidade que ainda hoje, de algum modo, prevalece: “primeiro eu, depois eu e depois os outros”, procedimentos que lentamente têm vindo a mudar.
O grupo fundador não pensou só em si, pensou também no conjunto, mesmo debaixo de acérrimas críticas e algum desconforto, porque há sempre aqueles que não fazem e nem querem que os outros façam. Mesmo assim, não hesitaram em