Epistemologia
Karl Popper, O Mito do Contexto
I
Ao longo dos tempos fomos vendo que a história intelectual do homem foi mantida graças ao preconceito e à crença, que aliadas com a intolerância e o fanatismo levaram muitas vezes a grandes guerras de destruição, maioritariamente guerras religiosas. Mas essas guerras religiosas têm um lado que favorece toda a nossa história, pois mostra que muitos homens estiveram dispostos a viver mas principalmente a morrer pelas suas ideias, que acreditavam ser verdadeiras. Assim sendo, podemos certificar, que o homem parece ser um animal que se guia pelas suas ideias e menos pelo seu racional. Francis Bacon foi o profeta que alterou o termo “Deus” pelo substantivo “Natureza”. Resumidamente, toda a omnipotência e a omnisciência divina deram lugar à omnisciência virtual da ciência natural e à omnipotência da Natureza. Para Bacon, a natureza encontrava-se presente em todo o lado, tal como Deus. Para ele era possível estabelecer a essência de todas as coisas, mas tal só era possível se tivéssemos uma mente limpa, pura, livre de preconceitos, e assim a Natureza revelaria os seus segredos. Apesar de Bacon ser o grande inspirador da nova religião da ciência, ele não é cientista, mas a sua crença foi tão aceite como as de Galileu, que pode ser intitulado como o grande fundador da ciência moderna experimental. Contudo, foi a distinção que Bacon fez que, até aos tempos de hoje, foi aceite pelos filósofos. E a este dogma, Karl Popper chama de observacionismo. Para Bacon, o método que distingue a velha tecnologia e a filosofia metafísica, pode explicar-se da seguinte maneira: “O homem é impaciente. Gosta de resultados rápidos. Por isso, tira conclusões precipitadas.” Este é o modo antigo a que Bacon chamava “o método das antecipações da mente.” Este método é falso, pois leva-nos a preconceitos. Assim sendo, Bacon aconselha a um novo método, de modo a que consigamos chegar à Natureza.