Epigrafe
És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir, e, quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinastes aos homens que havia tempo, e, para te medir, se inventaram as horas. Felicidade, és coisa estranha e dolorosa.
Fizeste para sempre a vida ficar triste: porque um dia se vê que as horas todas passam, e um tempo, despovoado e profundo, persiste. O poema é iniciado por um predicativo do sujeito que vem antecedendo a palavra “felicidade”, ao fazer uma afirmação sobre a mesma. É narrado em segunda pessoa: És precária e veloz, Felicidade. A palavra “felicidade”, neste verso funciona como um vocativo, pois é personificada. Assim, ela passa a ter vida e a ser tratada como uma pessoa que convive entre nós. O predicativo, citado , já nos sugere a transitoriedade e a fugacidade da felicidade, como vemos em: És precária e veloz, Felicidade. No segundo verso desta primeira estrofe, o “eu” lírico parece conversar com a “Felicidade”, mostrando que é difícil prendê-la, pois a sua passagem é rápida, quase não se percebe a sua existência.
No terceiro verso, há uma inversão “Foste tu”, sugerindo que o “eu" lírico culpe a “Felicidade” por fazer com que os homens acreditem na existência do tempo, que viviam melhor antes desta noção.
A atribuição da culpa continua na quarta estrofe, pois se afirma que a Felicidade ensinara aos homens a invenção das horas para medir o tempo, para marcar o momento de felicidade que eles têm em suas vidas, visto que ela (a felicidade) é extremamente passageira. A respeito disto, a própria Cecília Meireles define a felicidade: “Os dias felizes estão entre as árvores, como os pássaros” (CM, LC, p. 15)
Para ela, esse sentimento é mutante, fugaz, como foi observado no poema, até então.
A personificação da “felicidade” continua a ser usada, pois esse vocativo surge novamente nesse primeiro verso, da segunda estrofe, seguido do predicativo do sujeito “és coisa estranha e dolorosa”. Notamos uma percepção do “eu” lírico sobre a