Entrevista

Entrevista

PELA CONCRETUDE DA POESIA
COM UMA CLAREZA INCOMUM NOS DIAS DE HOJE, OS PROJETOS DO ARQUITETO MINEIRO GUSTAVO PENNA DEVOLVEM À ARQUITETURA E ÀS CIDADES AS ESQUECIDAS VIRTUDES DA CORDIALIDADE E DA HARMONIA

Reportagem de Simone Sayegh

A poesia dispõe de palavras carregadas de emoção e significado. A arquitetura trabalha com espaços cheios de gestos e intenções. Para Gustavo Penna é assim. Interpretar é a chave, tanto em arquitetura quanto na poesia, afinal, "no fundo, é a mesma coisa". Seus projetos revelam o que pensa sobre viver aqui e agora, no mundo contemporâneo, e ao mesmo tempo dizem da simplicidade do eterno. "Os edifícios vão nascendo para virar símbolo, não para se tornarem simples prédios ou apenas uma quantidade de matéria." Cada projeto procura nascer da cidade e se voltar a ela. Para o arquiteto mineiro, é a generosa integração com todos os espaços, sejam eles construídos ou não, que carrega a obra com força e significado, aproximando-a do humano. Sua obra mostra que é possível servir a demandas objetivas, como as do mercado imobiliário, e mesmo assim manter a coerência de um desenho que se contrapõe à "avalanche que vem em sentido contrário". Formado pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais em 1973, logo fundou o escritório onde trabalha até hoje. Desde 1977 leciona na mesma universidade e, a partir da década de 80, começou a trabalhar junto ao poder público, o que lhe trouxe a oportunidade de desenvolver e aprimorar suas idéias sobre arquitetura e cidade. Em 1983 foi Secretário de Planejamento do município de Contagem. Acumulou experiência em projetos para a área cultural das cidades trabalhando como assessor do Ministério da Cultura para Projetos de Espaços Culturais e em Projetos Especiais do Estado de Minas Gerais. Também foi membro da Câmara de Cultura da Federação da Indústria de Minas Gerais e do Conselho Curador do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico. Desde 2003 é