Entrevista
24/11/2013 Ciência
“Minha missão é gravar o maior número de sons naturais antes que desapareçam”
O músico e naturalista Bernie Krause dedicou sua vida a gravar os sons de ambientes selvagens. Em entrevista ao site de VEJA, ele explica como essas paisagens sonoras naturais influenciaram o surgimento da linguagem humana e alerta para o iminente silêncio da orquestra animal.
O músico americano Bernie Krause passou boa parte de sua juventude fechado em estúdios de gravação. Para pagar sua faculdade, no final dos anos 1950, tocou guitarra em diversos discos da gravadora Motown. Já na década de 1960, descobriu os sintetizadores e se tornou um dos primeiros a utilizá-los na música pop, participando de álbuns de artistas e bandas como Rolling Stones, Bob Dylan, Stevie Wonder e George Harrison. Passou também por Hollywood, onde colaborou com as trilhas sonoras de filmes como O Bebê de Rosemary e Apocalipse Now. Há mais de 45 anos, no entanto, ele resolveu deixar os claustrofóbicos estúdios para trás e levar seu trabalho para ambientes mais selvagens: passou a trabalhar com a música produzida pela própria natureza.
Com o passar dos anos, e depois de uma pós-graduação em bioacústica, acabou se tornando um dos principais pesquisadores das paisagens sonoras naturais do planeta. Seu trabalho consiste em ir para o meio do mato — ou do mar, da geleira, do deserto — e gravar o som ambiente. Segundo Krause, os ruídos produzido por pássaros, sapos e rãs, mamíferos, insetos e até larvas soam todos como parte de uma mesma orquestra. "Muitas tribos e grupos de caçadores-coletores definiam essas paisagens sonoras como o som do divino", disse em entrevista ao site de VEJA.
Ao longo de todos esses anos, Bernie Krause coletou mais de 4 000 horas de gravação, nas quais é possível ouvir mais de 15 000 espécies em seu ambiente original — paisagens sonoras de um valor científico inestimável. "Estou procurando alguma universidade para armazenar todo meu