entrevista
Os povos indígenas em instituições de ensino superior públicas federais e estaduais do Brasil: levantamento provisório de ações afirmativas e de licenciaturas interculturais 1
Rodrigo Cajueiro2
O início do século XXI está sendo marcado, no cenário das políticas de educação superior do Brasil, pela intensificação dos debates acerca do acesso diferenciado de grupos socialmente desfavorecidos à universidade, por meio de ações afirmativas (a.a.). Em segundo plano, e em conseqüência da efetiva implementação de medidas de ação afirmativa, tem se colocado um agregado de questões de ordem muito variada, de acordo com o grupo-alvo dessas iniciativas, que tem sido enfeixado em torno da palavra permanência.
Apoiadas em diferentes palavras de ordem, como reparação histórica, incentivo à diversidade ou, ainda, promoção de justiça social e da eqüidade educacional, a partir do ano 2000, quando foi promulgada a primeira lei sobre reserva de vagas em universidades públicas de que se tem notícia no Brasil3, uma série de iniciativas similares começou a surgir nas universidades das diferentes regiões do país. Umas foram direcionadas a um público-alvo definido segundo critérios sócio-econômicos, outras segundo critérios étnicoraciais.
Foi nesse contexto que, em abril de 2001, surgiu no estado do Paraná a primeira ação afirmativa de acesso diferenciado à universidade, que tomou
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Levantamento realizado por Vinicius Rosenthal e Rodrigo Cajueiro. Esse trabalho dá continuidade àquele iniciado por Priscilla Xavier e revisto por Cloviomar Cararine, sob a coordenação de Maria BarrosoHoffmann, em 2005, o qual foi posteriormente atualizado por Marcos Moreira Paulino, em 2006. Nesta última atualização, optou-se por incluir no levantamento as Instituições de Ensino Superior Públicas (IESPs) que desenvolvem ações afirmativas de acesso diferenciado de estudantes de escolas públicas ou estudantes de baixa renda ao seu corpo discente, por entendermos que dado o