Entrevista cronista Liberato Vieira da Cunha
Silêncios do Mundo é uma coletânea de 99 crônicas publicadas na zero hora entre os anos de 2002 e 2013. Algumas crônicas têm uma resposta imediata, ampla dos leitores. Este é um dos critérios. Estas crônicas eu marcava para saber que aquela crônica tinha sido bem recebida. Outro critério foi exclusivamente literário foi a redescoberta dos meus textos. Foram quase 700 textos relidos e a partir desses dois critérios eu cheguei nesse número de 99 publicados.
Há um contato quase carnal na caneta com o papel. É uma coisa diferente, anímica, boa. Primeiro eu faço o rascunho e depois passo para o computador.
A crônica de jornal é onde o jornal respira. A crônica literária de jornal é livre do compromisso com a formalidade do texto jornalístico.
Neste livro eu conto coisas muito íntimas. Eu falo dos meus pais. Eu perdi pai e mãe em um desastre aéreo quando eu tinha 11 anos. Isso foi o grande acontecimento da minha vida, foi uma coisa cujos desdobramentos se prolongam até hoje. Eu acho que de todos os meus livros é o que eu mais enfoco este aspecto.
A minha nostalgia é um modo de ser, de existir, não é literária. Sou um admirador de Balzac. Minha ligação com o Balzac é de leitor pra profundo admirador. É uma grande influência para todos nós escritores.
O diário de notícias era uma fantástica escola de jornalismo. Essa requisição para diferentes áreas do jornalismo foi tudo uma grande e maravilhosa escola em um período onde a fechadura começava no Brasil. Naquela época a gente aprendeu uma coisa terrível que foi a autocensura. Tu saber até onde tu podias ir num texto e a partir daquilo ali tu não podias ir adiante. Essa presença do diário de noticias na minha vida foi extremamente importante sobre esse aspecto de escola de jornalismo. Escola de jornalismo que eu só fui cursar na Alemanha depois de formado em direito, porque não se exigia de diploma de jornalista na época. Se exigia cultura geral