Entre a ciência e a literatura: aspectos do espaço geográfico na geografia de dona benta
ESPAÇO GEOGRÁFICO NA GEOGRAFIA DE DONA BENTA
GRACIOLI, Filipe Rafael; PEZZATO, João Pedro.
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP
Instituto de Biociências – Depto. de Educação
Contato: filipe@rc.unesp.br; jpezzato@rc.unesp.br
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O conhecimento geográfico científico mostra-se, ao ser sistematizado no início do século XX, revestido de certa autonomia em relação aos demais tipos de conhecimento, como o filosófico, o matemático e, em especial, ao conhecimento literário. Alguns autores, entre eles Lima, nos confirmam esta autonomia ao nos revelar que a atividade literária e a atividade geográfica andaram juntas no decorrer da história, mas que a separação entre as mesmas deveu-se ao “fato da Geografia ter-se tornado uma ciência independente dos demais conhecimentos” (2000, p. 17). Embora autônomo, o conhecimento geográfico científico tem se organizado com vistas à expansão de seus campos de análise, sobretudo a partir dos anos 1970, com o processo de humanização na ciência. Com o afloramento das ideias de caráter humanista na Geografia científica, esta ciência se abre para o antropocêntrico, “[...] para o interdisciplinar, para o qualitativo e para a Fenomenologia, numa busca do sensível, da afetividade e dos fenômenos imateriais” (FERREIRA e MARANDOLA JR, 2003, apud. MARANDOLA, 2006, p. 63), abertura na qual o conhecimento literário exerceu influência. Pela influência do Humanismo na ciência geográfica, a literatura, trabalhada sobretudo através do Romance, faz-se uma das expressões mais bem aceitas pela Geografia. Sobre a importância da literatura romanesca como possibilidade de formação de experiências, Lima, parafraseando Cook (1981, p. 66-84) argumenta que este tipo de conhecimento constitui-se num dos “[...] canais indiretos que estimula e desenvolve o conhecimento do mundo que nos rodeia através das formas de apreensão da realidade pelos