Entraves do Estado Brasileiro, segundo Raymundo Faoro
Raymundo Faoro se insere nos pensadores que analisam a história a partir dos seus aspectos estruturais, atribuindo papel explicativo à superestrutura que o Estado representa. De acordo com Comparato (2003), Faoro é um intérprete do Brasil que se enquadra na historiografia compreensiva, usando uma análise do tipo estrutural com vistas ao longo prazo. Ele buscou a explicação dos fatores permanentes na formação do patronato político brasileiro no Estado.
No que tange as características da formação do Estado brasileiro, Faoro afirma que a formação do Estado antecedeu a formação da sociedade. A política do país tem sua evolução decorrente da expansão do capitalismo da metrópole. O progresso português deixou características no Brasil colônia, que estão na base da dinâmica política brasileira até hoje, dentre elas: o crescimento da burguesia firmado na estrutura do Estado e a presença de um estamento burocrático, titular do processo decisório.
Embora se faça o uso de dinheiro nas transações, não há um espírito capitalista na relação socioeconômica Portugal-Colônia, devido a conversão de negócios meramente capitalistas em questão de Estado. Não há a construção de um caminho para industrialização, não há o firmamento da livre empresa e de interesses individuais afim de definir quais atividades receberão investimentos. As atividades econômicas são regidas pela Coroa, ou seja, não há distinção entre os limites do público e os limites do privado, essa ação se realça no processo de concessão de terras, títulos e poderes ao senhores de terra, no Brasil.
É dentro dessas características da formação do Estado brasileiro que se origina a corrupção e burocracia no país, com toda a estrutura patrimonialista trazida de Portugal. Na sua concepção de Estado patrimonialista, Faoro coloca a propriedade individual como sendo concedida pelo Estado, caracterizando uma "sobrepropriedade" da