Ensino fundamental paradidaticos
Carlos Eduardo Novaes em seu livro, “O Menino Sem Imaginação” (1996:22-149), conta de maneira muito criativa a história de uma família que, obrigada a viver sem a telinha, se vê constrangida a mudar seu dia-a-dia. No meio de toda essa mudança está Tavinho, um garoto que não tem imaginação criativa e que só é capaz de reproduzir aquilo que já viu antes, de preferência na televisão, ou seja: imaginação reprodutiva ou memória visual. O menino adora ver TV, e quando crescer seu desejo é sair da escola para não precisar fazer mais deveres e poder assistir televisão de manhã, de tarde e de noite. Nas férias passa dias interirinhos na frente da telinha, só sai para ir ao banheiro. Só compra aquilo que vê nos comerciais, e adora o sistema de vendas diretas em que o locutor ordena “ligue já!”
Ele tem três aparelhos de TV em seu quarto, os quais chama de Babá, Plim-Plim e Fantástica. Além disso, o garoto se relaciona com eles como se fossem membros da família. Babá é a sua televisão mais antiga, ela o viu nascer e crescer. Tavinho a ganhou quando era ainda muito pequeno, presente de sua mãe. Ela o colocava sentado na frente do televisor para que ficasse ali, horas e horas, quietinho, sem chorar nem perturbar ninguém, apenas consumindo suas imagens. Enquanto Babá é lenta e demora para funcionar, Plim-Plim é uma televisão mais jovem, moderna e dinânica, ela está sempre animada e sente prazer em estar sempre ligada. Ela tem até um sistema de timer capaz de desligá-la sozinha após Tavinho pegar no sono. Fantástica é ultra-moderna, cheia de novidades e recursos tecnológicos de última geração. No dia que a recebeu, o garoto explodiu de emoção, e pegando um controle remoto pela primeira vez em suas mãos estendeu o braço para cima e gritou: “eu tenho a força”! Ele estava feliz por não precisar mais sair do lugar para mudar de canal, “agora ele tinha o controle”.
Tavinho gosta de assistir as três tevês ao mesmo tempo, e passa o tempo todo olhando