Ensaio
Dulcenéia Marques Martins[1]
Considerações iniciais A Tragédia é uma forma de drama na qual envolve um conflito entre um personagem e um poder de instância maior, descrita por Aristóteles como imitação da ação humana, de uma forma completa e elevada, podendo ser observada em diferentes épocas, inclusive na modernidade.
O gênero dramático dispensa a mediação do narrador. Tendo sua origem na Grécia antiga, o teatro clássico tem como principal característica a Catarse, ou seja, a “purificação da alma”, a tensão desfeita após o desfecho de uma cena, porém, esse “efeito” sobre o público não pode ser considerado uma característica da tragédia moderna, pois nesta, o desfecho não provoca a mesma tensão na plateia que a primeira é capaz de provocar.
A tragédia moderna apresenta aspectos peculiares que a diferenciam da tragédia grega antiga: é mais triste e mais e mais desesperada. Sendo assim, a melancolia torna-se uma das suas principais características.
O presente trabalho tem como objetivo abordar s principais características do herói trágico e traçar um paralelo entre Antígona, a tragédia clássica descrita por Sófocles, e Hamlet, a tragédia moderna descrita por Shakespeare.
1- Antígona, a tragédia clássica de Sófocles
Antígona é a versão clássica do mito descrita pelo dramaturgo grego Sófocles, apresentada em Atenas no ano 441 a.C.
Com raízes na trágica história de Édipo Rei, Antígona carrega consigo a maldição da família dos Labdácidas, por ela própria ser fruto da união incestuosa de Édipo com sua mãe Jocasta.
Antígona representa o conflito entre Estado e indivíduo, ou seja, a repressão autoritária é evidenciada nas atitudes de Creonte, tio de Antígona e, esta, representa o indivíduo, tendo suas ações movidas pelas raízes familiares, sendo esta característica observada na atitude corajosa de dar sepultamento a seu irmão Polinice,