Ensaio
Percepção do Filme
Cego Segundo o dicionário Aurélio. 1. Privado da vista; 2. Sentido figurado: Alucinado, transtornado, obcecado; 3. Que impede a reflexão, o raciocínio; que perturba o julgamento e oblitera a razão.
Epígrafe do livro “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”
Existe no Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago, uma diferença sutil entre os atos de olhar e de ver: Olhar: percepção visual, uma consequência física do sentido humano da visão. Ver: possibilidade de observação cuidada, de exame daquilo que nos aparece à vista. Reparar, portanto, não é nada mais do que se libertar da superficialidade da visão para aprofundar o interior do que é o homem e, finalmente, conhecê-lo. O filme começa com uma situação um tanto não comum, um homem começa a gritar de dentro do carro: "Estou cego", o que apenas se enxerga é uma névoa branca. É o primeiro cego, quando levado ao médico, este o examina, mas não tem explicação para o fato. O médico, pouco depois de examiná-lo, fica cego também. O caos se alastra rapidamente e o governo toma providências, confinando-os em um hospício desativado. São depositados diariamente pelos guardas, caixas com alimento. Os soldados com medo do contágio, não aproximam dos cegos e atiram em todos que persistirem em se aproximar do portão principal. O longa metragem ainda retrata o submundo vivido pelos cegos na quarentena, o lixo, fezes, excreções se espalhavam pelo chão como um esgoto. A cada minuto aumentava-se a população castigada pela cegueira, formando-se um “exército” de cegos, munidos de objetos como paus e barras de ferro comandando os alimentos e objetos de valor. O filme retrata ainda, o abuso sexual, assassinato, mau cheiro e fome. Somente uma mulher não ficou cega, simulou ser atingida pela epidemia para proteger o marido no ostracismo, ficando ela assim, desempenhando um papel fundamental