Ensaio sobre A Pauliceia Desvairada
Das escolas literárias que guiaram os rumos da literatura no Brasil, nenhuma parece ter sido tão vívida e original quanto o Modernismo. Com a atuação ativa de diversos intelectuais da época, o movimento buscava se despir das regras formais e temáticas burguesas oriundas da cultura europeia para introduzir a miscigenação étnica e cultural do país – sem deixar de criticá-lo. Dentre os representantes da vanguarda modernista no Brasil, um dos nomes mais proeminente é o de Mário de Andrade. Paulista de origem e fim, atuou como poeta, romancista, crítico literário, musicólogo e ensaísta, sendo aclamado como artista e teórico. Em 1917, Mário de Andrade publica seu primeiro livro de poesia: Há uma gota de sangue em cada poema, sob o pseudônimo de Mário Sobral. Esse é também o ano com que tem seu primeiro contato com a modernidade na arte, em uma exposição de Anita Malfatti. Em 1922, lança Paulicéia Desvairada e, com ela, as bases da poesia modernista brasileira. O Modernismo se configura como a escola em que ocorreu o maior rompimento com a tradição, tendo, no Brasil, tomado rumos divergentes do movimento na Europa. A produção literária dos autores seguidores do movimento teve forte influência de manifestos publicados no período de 1920 à 1930, dos quais podemos destacar o Manifesto Pau-Brasil e Manifesto Antropófago, ambos de Oswald de Andrade. No entanto, o Prefácio Interessantíssimo de Paulicéia Desvairada já orquestrava os pressupostos da produção literária da época, contendo reflexões de Mário de Andrade que tratavam da forma e conteúdo da poesia, sendo considerado o primeiro livro modernista do Brasil. Uma das características mais relevantes do Modernismo foi justamente a intenção de romper com as antigas escolas e com a reprodução de técnicas importadas da Europa para adquirir uma forma própria e abordar conteúdos pertinentes ao país. É exatamente sobre esse pressuposto que trata o Manifesto Antropófago e é