Ensaio: Canaã

CANAÃ: ENSAIO

FORTALEZA
2013

ENSAIO DO LIVRO: CANAÃ

Canaã foi o livro de estreia de Graça Aranha. Publicado em 1902, o romance aborda a imigração alemã no estado do Espirito Santo, por intermédio do conflito entre dois personagens principais, Milkau e Lentz, que representam linhas filosóficas distintas. Esta obra se encaixa num período, denominado por Tristão de Ataíde, Pré-Modernista. Segundo Alfredo Bosi, o Pré-Modernismo pode ser compreendido em dois sentidos diversos, um meramente cronológico e outro referindo aspectos de precedência temática ou formal. Para sabermos em qual dos sentidos Canaã se encaixa, devemos procurar na obra os sinais precursores do movimento de renovação oficialmente inaugurado pela Semana de Arte Moderna.
Um aspecto importante a ser observado é a inovadora mudança de cenário na obra. A obra não é ambientada na capital e sim numa vila obscura do Espírito Santo, em que se retratava uma realidade bem mais brasileira do que estávamos acostumados a ver. Essa mudança será ainda mais explorada no Modernismo, como sabemos. Bosi ainda afirma que, “a literatura pré-modernista reflete situações históricas novas ou só então consideradas”, são esses, assuntos fundamentais para o desenvolvimento da temática modernista. A observação da sociedade burguesa, característica do naturalismo, é deixada de lado e em seu lugar, temos uma preocupação com problemas sociais e morais do país. Em Canaã, além do movimento da capital para a periferia, localizando o enredo num vilarejo do Espírito Santo, Graça Aranha aborda outros temas como, a preocupação com a realidade social, vista como a essência do problema “nacional”, questões problemáticas caraterísticas do Brasil da Primeira República: A abolição e o problema de integração social, a plantação de café, entre outros. O autor descreve a vida de trabalho dos imigrantes de forma simples, mas precisa. Também há a presença da descrição do poder judiciário, que além de