Engenharia genética e biotecnologia
Desde 1950 que a “Revolução Verde”, através de técnicas agrícolas sofisticadas como a criação de híbridos, prometeu livrar o Mundo da fome que ainda hoje o assola. A realidade mostra, pois, o quão vã foi essa promessa, apesar da produção dos principais cereais ter duplicado ou mesmo triplicado em algumas regiões.
É necessário compreender bem o fenómeno que explica tal situação antes de enveredarmos por uma nova tecnologia como a dos organismos geneticamente modificados (OGMs). Porquê? Porque, de outro modo, corremos o sério risco de voltar a falhar, com um custo de vidas humanas que nenhuma sociedade pode aceitar – ou melhor, não devia. Para além de uma abordagem de princípio como a do controlo populacional, que ainda falha nas regiões onde é mais necessária, existe a abordagem estritamente ligada à agricultura que queremos.
Visto está que o aumento de produção não é suficiente, conclui-se que o problema verdadeiramente determinante reside na sua distribuição. O que se verifica, pois, é que o Hemisfério Norte, mais desenvolvido, e excedentário, enquanto o Hemisfério Sul é cada vez mais deficitário.
Será que o investimento nas biotecnologias pode corrigir este problema?
Em princípio não, se as desigualdades permanecerem – e, essas, só podem ser combatidas se existir vontade política.
A grande razão que apoia esta afirmação está intrinsecamente ligada ao negócio privado: tem de gerar lucros.
Alguém espera que, após milhões de dólares investidos, as indústrias biotecnológicas sejam atingidas por um surto filantrópico para ajudar o Terceiro Mundo?
A resposta é outra vez não: as culturas transgénicas ficarão praticamente confinadas às regiões onde existe dinheiro para as pagar, tal como se verifica atualmente.
De fato, o preço das sementes modificadas tende a subir devido aos crescentes custos do seu desenvolvimento e do processo de patenteamento.
Por outro lado, são conhecidos riscos que põem em causa a própria viabilidade dos