Engenharia Econômica
Estudo de Caso: A Fábula das Abelhas
O Texto:
A ética lida com aquilo que pode ser diferente do que é. O terremoto que aniquila uma comunidade ou a leucemia que destrói de um jovem provocam em nos um sentimento intimo de revolta, mas não se prestam à condenação moral. São eventos naturais, determinados por mecanismos causais inerentes ao mundo físico e que independem por completo da vontade e escolha humanas. Podemos, é claro, evitar a construção de cidades em áreas de risco e buscar a cura da leucemia; ou aceitar estoicamente os fatos; ou rezar. Mas seria absurdo supor que eventos como esses possam ser diferentes do que são. Completamente distinta é a nossa reação diante do bombardeio aéreo de civis, do desvio de verbas públicas ou de um atropelamento na porta de uma escola. Ao sentimento de revolta junta-se aqui a desaprovação moral — o juízo ético e a atribuição de responsabilidade (dolosa ou culposa) aos causadores do mal. Fazemos isso porque acreditamos estar diante de eventos que, de alguma forma, poderiam perfeitamente não ter ocorrido. Em contraste com a ótica estritamente científica dos fenômenos, dentro da qual “apenas o que acontece é possível”, o ponto de vista moral abre uma brecha para a possibilidade de que o mundo como ele e esteja aquém do mundo como ele pode e deve ser.
A ética parte da crença na existência de um hiato — alguns diriam abismo — separando a realidade humana do potencial humano. Esta crença no hiato, por sua vez, baseia-se numa experiência de liberdade que podemos facilmente apreciar por nós mesmos.
A condição humana padece de uma singular cisão.
As funções vitais do organismo — todos os processos metabólicos que ocorrem dentro do nosso corpo — são eventos imunes à nossa vontade e escolha conscientes,
O coração bate, o sangue circula, o pulmão trabalha e o alimento é digerido sem que possamos decidir como acontecerá tudo isso. Sob o efeito do estímulo apropriado, o