Engenharia de produção
I - O novo realismo ecológico
Para pensar de forma mais consistente as perspectivas de transição para um futuro sustentável e eqüitativo, tanto no contexto internacional quanto no de cada país e região, é necessário adotar o que vem sendo chamado de “economia da vida real” ou de “novo realismo ecológico” (Ekins e Max-Neef, 1992). Trata-se do esforço para superar o enfoque abstrato e flutuante que domina o pensamento político e econômico contemporâneo, por meio do qual as sociedades tendem a ser vistas como flutuando acima do planeta Terra e dos seus ecossistemas. A dinâmica da vida social humana, nessa visão, é entendida como sendo um universo auto-explicativo, que depende do planeta apenas na medida em que dele retira recursos naturais. A oferta desses recursos, por sua vez, está sempre disponível ou, pelo menos, sempre pode ser substituída tecnologicamente, permitindo uma crescimento ilimitado da produção humana. A falta de “realismo ecológico” transparece em diferentes parâmetros, do cálculo empresarial às decisões políticas internacionais. Este fato pode ser percebido no balanço energético negativo de diferentes atividades produtivas no mundo moderno, no qual a quantidade de energia despendida no processo de produção é muito superior à obtida com os produtos resultantes desse processo. Formas tradicionais de produção agrícola, como o cultivo de arroz em campos alagados do Sudeste Asiático, podem colher 50 vezes mais energia, sob a forma de alimento, do que a energia empregada no cultivo. No capitalismo industrial não é raro encontrar atividades em que o processo produtivo consome três vezes mais energia do que a gerada pelo produto. É o caso da produção industrializada de carne, com seu consumo intenso de ração, produtos químicos e eletricidade. A pesca em alto mar em navios frigoríficos apresenta um balanço ainda mais negativo de 20 para 1 (Ponting, 1991 :