enfermeira
Em ensaio sobre os filmes de sic-fi dos anos 50, quando o assunto favorito era uma possível guerra nuclear, a escritora Susan Sontag comentou: ‘‘Esses filmes, especialmente os japoneses, demonstram que há um trauma coletivo quanto ao uso de armas nucleares. Eles existem para exorcizar isso.’’ O caso agora é completamente diferente. A ficção se antecipou, discutiu a questão biológica antes mesmo que ela se tornasse uma emergência.
Ao antecipar a realidade, os filmes proporcionam um certo desconforto naqueles que deveriam se sentir protegidos — os espectadores. O caso de Os 12 Macacos é particularmente apavorante. Tudo se passa em 2035. Num futuro próximo, portanto. Com requintes de pessimismo, o diretor Terry Gilliam mostra a Terra depois que um vírus vitimou cinco bilhões de pessoas. À época do lançamento, em 1995, a referência imediata era o vírus HIV.
Em Epidemia, não são os números que assustam. São as imagens de corpos sendo atacados por vírus que destrói o tecido orgânico em questão de minutos. É uma forma de terror cada vez mais plausível, até porque os personagens vestem os mesmos trajes espalhafatosos usados por especialistas ao recolher material suspeito de contaminação por antraz. O clichê do cinema virou sinal de alerta.