Enfermagem
A imagem da enfermeira é marcada, além de outras características, pelo vestuário utilizado durante aprática da enfermagem, que foi eternizado na iconografia mundial, nos permitindo identificar o uso de acessórios como o avental, o véu e a touca. Estudos sobre uniformes fornecem elementos da construção de identidades profissionais, por meio de abordagens que vão desde as referências de pertença a um grupo ou a uma instituição até as condições de trabalho e ao desenvolvimento técnico-científico de determinadas épocas1.
No Brasil, a enfermagem religiosa foi fortalecida no século XIX, e a imagem da enfermeira com vestes características dessas instituições foi estabelecida na sociedade, com destaque para as Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo. Embora a criação da primeira escola de enfermagem do Brasil date de 1890, seus enfermeiros não conseguiram superar o reconhecimento que tinha a imagem das religiosas como enfermeiras, em virtude do poder atribuído a elas nos hospitais, o qual era garantido pela organização e prática da enfermagem em vários países e pela sua atuação em favor dos interesses político-financeiros das instituições2.
A efetiva entrada de um modelo de enfermagem profissional na sociedade brasileira, concorrente com o modelo religioso, ocorreu com a criação da Escola Anna Nerya (EAN), em 1923, quando o Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP) investiu na implantação do modelo anglo-americano de enfermagem para apoiar o desenvolvimento da recém-implantada Reforma Sanitária2.
Ao organizar a EAN, enfermeiras norte-americanas implantaram o uso de uniformes como uma das estratégias para manter a disciplina institucional, o que permitia identificar as alunas em suas diferentes etapas do curso, bem como as enfermeiras/professoras, conforme a sua área de atuação, diferenciando-as dos demais exercentes de enfermagem e caracterizando a mulher-enfermeira de elevado padrão intelectual e moral, que também se destacava pelo vestuário