enfermagem
Segundo Fernando Pessoa: “pensar é estar doente dos olhos”. Rubem Alves apóia e amplia: “pensar é estar doente do corpo”. O pensamento marca o lugar da enfermidade. Quando o corpo está bem ele não conhece. O que não incomoda torna-se transparente, invisível, desconhecido.
Mas no momento que surge a dor, o problema aparece. A vida não vai bem. Então se pergunta: o que há? o que pode ter causado esse problema? Estas perguntas feitas perante a um problema, recebe o nome de hipóteses na linguagem científica. Desenvolve-se estas hipóteses com o propósito de compreender, para evitar que o incômodo se repita. Pensar para não sofrer. Devem existir milhões de situações no universo que nunca incomodaram, não perturbaram o corpo, não lhe produziram dor. Só se conhece o que incomoda. Tudo tem a ver com a lógica da dor e do prazer. O corpo tem a necessidade de repetir uma experiência de prazer experimentada uma vez. Já o intelecto puro é o contrário, pois odeia a repetição, está sempre em busca de novidades. Do ponto de vista do prazer, o que é bom tem de ser repetido, indefinidamente.
O desejo de conhecer é um servo do desejo de prazer. Conhecer por conhecer é um absurdo. O pensamento gera prazer. Alguns podem dizer que na ciência conhece-se por conhecer, sem que a experiência de conhecimento ofereça qualquer tipo de prazer. Essa é uma conclusão duvidosa. O trabalho realizado apenas por dever, não produz algo novo. Cientista que trabalha por obrigação, não consegue ter visão criativa. Para que se tenha criatividade é preciso “tesão”-fazer algo com gosto, querer muito mesmo. Quando se está envolvido nas tarefas mais absurdamente intelectuais, o que está em jogo é o corpo que deseja ser admirado, respeitado, mencionado, invejado.
A fascinação pelo desconhecido é algo estranho. Não há limites para os mistérios. Alguns parecem insignificantes de