ENCICLOPEDIA EINAUDI VOLUME 1 – MEMÓRIA E HISTORIA
VOLUME 1 – MEMÓRIA E HISTORIA
JACQUES LE GOFF – ANTIGO/MODERNO
1 – UM PAR OCIDENTAL E AMBÍGUO
O conceito de moderno aparece no meio do século XIX e constitui-se em uma reação ambígua da cultura à agressão do mundo industrial.
Esta idéia de modernização é introduzida em outros lugares, principalmente no terceiro mundo onde modernização torna-se algo nascido do contato com o ocidente.
Os conceitos antigo/moderno nem sempre foram opostos: no século XVI a historiografia ocidental divide a historia em três idades: antiga, medieval e moderna. Onde moderna se opõe a medieval e não a antiga.
A renascença no século XVI trás exatamente o resgate do passado, da antiguidade. O moderno torna-se a retomada do antigo, a antiguidade clássica.
Nas sociedades mais tradicionais a antiguidade tem valor de seguro. Os mais antigos tem mais conhecimentos e são o depositários da memória coletiva, há um grande valor no conselho dos antigos. Apesar de também como nas sociedades modernas, haver um desprezo pela decrepitude. O antigo assim participa da ambigüidade de conceitos oscilando entre a sabedoria e a senilidade.
O jogo dialético gerado por moderno e a consciência de modernidade nasce da ruptura com o passado.
O estudo do par antigo/moderno passa pela analise do momento histórico que segrega a idéia de modernidade, que cria a antiguidade (para denegrir ou exaltar; ou mesmo para distinguir ou afastar), pois ela destaca a modernidade promovendo-a ou vilipendiando-a.
2 – A AMBIGUIDADE DO ANTIGO: A ANTIGUIDADE GRECO-ROMANA E AS OUTRAS
O termo antigo pode tanto dar um valor neutro, não o associando à tradição Greco-romana, que pode ser sublimado (como Terra = mãe antiga) ou depreciado (Diabo = antiga serpente).
Vemos no cristianismo a oposição do antigo e do novo testamento. A primeira vista, como uma nova lei, o novo testamento substituiria o anterior, a caridade substitui a justiça à qual é superior, mas a antiga lei tem o seu