Empreendedorismo Prof Virginia Trigo
E eis que, de repente, o empreendedorismo está na moda. As razões são boas: o empreendedorismo é o único recurso económico que não pode ser facilmente transferido e é, portanto, uma decisiva fonte de vantagem competitiva em indústrias onde a imitação, a saturação e as reduzidas barreiras de entrada eliminam com rapidez a rendibilidade dos mercados. Se os portugueses e as nossas empresas - grandes e pequenas - fossem mais empreendedores, poderíamos aumentar a produtividade nacional e competir de uma forma mais eficaz nos mercados internacionais, pensamos. Mas o que significa exactamente empreendedorismo e ser-se empreendedor? Muitos descrevem o conceito em termos de flexibilidade, inovação, dinamismo, risco, criatividade e orientação para o crescimento. Numa conferência sobre o tema, há alguns anos, depois de larga discussão adoptou-se a seguinte definição: "Empreendedorismo é o esforço empregue na criação de valor através do reconhecimento de oportunidades de negócio, da gestão do risco adequado à capitalização dessas oportunidades e da mobilização dos recursos humanos, financeiros e materiais necessários à sua concretização". Todos concordámos, com a sensação de que tínhamos acabado de produzir algo sem muito significado, amorfo, difuso, enredado e também que essa não seria a última vez. Ficou um ponto de interrogação a flutuar sobre cada palavra sem chegar a assentar no final da frase. Enquanto empreendedor tem algo de tangível porque se refere a uma pessoa, empreendedorismo é mais difícil de definir, pois é uma abstracção.
Criatividade e esforço
Em muitos aspectos, empreendedorismo é aquela parte da natureza humana que faz mover a terra à volta do seu eixo empurrando-a para uma órbita diferente e a sua interpretação pode tornar-se algo de muito pessoal: tal como sobre a beleza ou o amor, todos temos uma opinião sobre o assunto. Aparece frequentemente associado a algo de "bom" e, como é natural que os