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Emoções...
Certo dia,um cupido vesgo foi a um baile de máscaras.Em seu vôo invisível, no salão principal, divertiu-se atirando flechas, ferindo de paixão Bonapartes e Sherazades, Sultões e Josefina, até que notou, isolados no jardim da mansão, um astronauta e uma sereia.
Não estavam juntos trocando juras, confidências ou olhares açucarados.Nem mesmo se falavam. Ao contrário, mantinham certa distância, cada qual ocupando uma das pontas do longo banco de ripas e pés de ferro. Davam-se as costas. Ignoravam-se -Tão jovens e belos-comentou para si mesmo o Cupido vesgo, adivinhando-lhes as feições sob as máscaras.-Parece que tiveram um pequeno desentendimento.Quiçá um excesso de timidez e pudor é o que impede que enxerguem o melhor em si mesmo. Sacou da aljava suas duas últimas flechas, certo de que, com sua ajuda, os dois formariam um par enamorado. Vergou o arco, acertou contra ambos e atirou.
Porém, com sua mira caolha, o pequeno deus alado errou vergonhosamente o duplo alvo. Desiludido com a intenção frustrada, zumbia as asas para uma saída à francesa, quando duas vozes o clamaram: -Como pode ir, depois de teres feito tal maçada? -O que será de nós, agora, loucamente apaixonados, mas ameaçados pelo destino de ficarmos juntos? Voltando-se, o cupido vesgo surpreendeu-se com duas sombras alheias, projetadas a seus pés, a lhe suplicar. -Quem sois vós,? -Não percebes? Somos as sombras daqueles jovens, antes projetadas nos arbustos pela luz âmbar que vem deste poste! -Erraste teus alvos, nós sabemos. Pois se tu tivesse acertado, eles se entregariam ao delírio dos beijos e afagos, e nós, também, estaríamos unidos pelo amor de nossos donos. -Oh, percebo que coisa horrível provoquei!-lamentou-se o cupido vesgo, pousando ao lado das duas sombras desconsoladas. Por um breve instante, os três ficaram observando o astronauta e a sereia, que pareciam ignorar por completo a existência um do outro. Ele olhava as estrelas. Devia contá-las enteressado

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