Em construção

O historiador Eric Hobsbawm disserta, em seu texto, sobre os antecedentes da Revolução Russa, de 1917, além de explicar, também, como tudo aconteceu. Que a Rússia tendia a uma revolução social, disso não se tinha dúvida, já que o país se encontrava em total atraso. Na política, era ainda uma monarquia absolutista, com o czarista Nicolau II concentrando os poderes em suas mãos, não abrindo espaço para a democracia; com uma economia essencialmente agrária, a Rússia tinha poucas indústrias; e a sociedade tinha um caráter tipicamente feudal, dividida entre nobres e servos, não mostrando nenhum dinamismo. O descontentamento era grande, tanto no campo, como na cidade, devido às crises de abastecimento, à extrema pobreza e miséria e à dificuldade de se encontrar empregos. Diante disso tudo, o autor tenta entender, contudo, o porquê de acontecer no país uma “Revolução Socialista”, já que o mesmo não tinha condições para tal transformação, pelo fato da maior parte da população ser camponeses, pobres e ignorantes, e o proletariado industrial, o predestinado responsável pelo rompimento com o capitalismo, ser minoria. Assim, esperava-se uma “revolução burguesa”, na qual a luta de classes entre burgueses e proletariado continuaria nas novas condições. Até mesmo Karl Marx esperava uma explosiva revolução proletária. Se a Rússia não estava pronta para uma revolução burguesa, menos ainda para uma revolução socialista, pelo fato dos que queriam esse tipo de revolta ter que conquistar e levantar a maioria dos camponeses e operários, que não entendiam e nem se importavam com o que estava sucedendo. Hobsbawm também citou Lênin que, em uma avaliação realista, percebeu claramente que a Rússia não tinha condições para uma revolução socialista. Mas, com a Grande Guerra, ele já não tinha mais dúvida de tal revolta, já que essa guerra, em sua total hostilidade em relação a uma matança interminável e incerta, sem vontade de acabar, colaborando para um colapso político e uma crise