Elton Francisco
IDENTIDADES DE GÊNERO.
Autores: Bruno Bortoli e Elton Francisco.
Instituição: UDESC
Agência de fomento da pesquisa: PROBIC/UDESC
Este trabalho faz parte de uma pesquisa mais ampla, que analisa como se formam, articulam, mantém e se modificam as redes sociais no processo migratório. A pesquisa de campo, assim como a vida dos emigrantes, é multi-situada e realizou-se nas duas cidades brasileiras que tem conexões desde 1980 com a região de Boston
(EUA) – Governador Valadares (MG) e Criciúma (SC). Os dados foram coletados através de pesquisa etnográfica e entrevistas semi-estruturadas. Neste painel pretendemos demonstrar como o ato de migrar, bem como suas conseqüências, muitas vezes redefinem ou problematizam as identidades de gênero. As redes sociais no processo migratório contribuem para questionar a imagem da migração como produto de um cálculo racional e individual, ressaltando a importância particularmente das redes de parentesco, amizade e origem comum neste processo.
Através destas redes familiares podemos mapear como se (re) constroem relações familiares e de gênero no contexto da migração. Pesquisas realizadas sobre emigrantes brasileiros demonstram que mulheres se utilizam mais das redes de parentesco para conseguir moradia e trabalho e os homens tendem a utilizar mais as redes de amizade e origem comum. Os migrantes brasileiros, em sua maioria, são indocumentados e se inserem num mercado de trabalho segmentado etnicamente e por gênero, geralmente as mulheres concentram-se na faxina doméstica e os homens na construção civil. A faxina doméstica transformou-se num nicho de mercado étnico para as emigrantes brasileiras contribuindo para o “empoderamento” das mesmas. Os homens trabalham na construção civil, em sua maioria, ou em restaurantes, mas sentem mais do que as mulheres uma perda de status em relação às posições de gênero que vivenciavam no Brasil. É o que ocorre com homens