Elsa e Fred: um amor de paixão
Elsa e Fred: um amor de paixão, do diretor Marcos Carnevale, nos traz a sensibilidade e a delicadeza de um amor único, numa fase de vida representada silenciosamente. Elsa, formosa em sua juventude, mantém seus sonhos e aproveita o tempo de vida que lhe resta com a intensidade das suas fantasias. Fred, contido desde sempre, investe nas mazelas que desacreditam valer a pena viver com a intensidade fantasiosa de Elsa. A dose fantástica do filme, ainda traz um sonho que estampa as paredes de Elsa: conhecer a Fontana di Trevi em Roma e repetir, fielmente, a cena do filme A Doce Vida, de Fellini.
Com sede de vida, Elsa sempre muito vaidosa, vive a dar calotes em seu filho mais velho para sustentar o seu outro pupilo pseudo-artista. Fred, viúvo e hipocondríaco, sobre.vive sob as ordenações de uma filha e a companhia do seu cachorro Bonaparte. Por um confuso acidente, Elsa fica incumbida de entregar ao seu então vizinho, um cheque no valor do conserto e trazer o riso constante para a vida dele. Assim o faz. Mergulha Fred no mundo desconhecido das aventuras, do perigo e dos excessos. Provoca o riso, encanta, apaixona e permite o amor para quem será o seu maior excesso.
Passeando pelos escritos de Delia Catullo, pode-se aliar algumas pontuações conceituais a essa película.
Fred traz as marcas de uma representação depreciada, tanto da velhice, como do ser velho. Uma vida de organização, comedimento, culto à saúde e uma velhice hipocondríaca, à margem dos prazeres. Todo desinvestimento corporal e temporal que presentifica as marcas de uma cultura que inutiliza e exclui o velho do meio social. Elsa, altamente investida de desejos, faz do seu corpo instrumento e causa de prazer. Embora os limites da finitude teimem desiludi-la, ela faz uso constante e desmoderado da delícia que é viver. Faz da sua fantasia, a sua única verdade. Aqui, pode-se pontuar a particularidade do que é ser velho, as vias do envelhecer, a hipercatexia dos órgãos